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Desmatamento ilegal dentro da terra indígena Arara - ISA |
Dados mostram que Belo Monte abriu caminho pra exploração de madeira e de minérios, tanto que, de acordo com o Dossiê criado pelo Instituto Socioambiental, mostra que o empreendedor e o poder público são responsáveis por criar um conjunto de medidas que deveriam controlar a explosão da exploração ilegal de madeira na região que já deixou um rastro de degradação ambiental e social considerado irreversível, já que de acordo com o Ibama, essas atividades perdeu o controle a ponto de canteiros de obras tornarem-se um “sumidouro de madeira”, ou seja, os índices de degradação florestal aumentaram significativamente na área de influência da obra.
Por exemplo, apenas em 2014, na TI Cachoeira Seca houve extração de 200 mil m3 de madeira (ISA – Dossiê Belo Monte, 2015). Além disso, há dados fornecidos pela FUNAI, em parecer técnico de março de 2015, que demonstra o desmatamento ocorrido dentro de TI’s que são afetadas pelo investimento, entre 2008 e 2013, que foi de 193,4 quilômetros quadrados, apontando um crescimento acumulado de 16,31%. Isso torna as Terras Indígenas Apyterewa, Trincheira Bacajá e Cachoeira Seca as mais suscetíveis a desmatamento ilegal, sendo essa última, a que apresentou maior índice de desmatamento no Brasil.
Houve uma intensificação também da presença de garimpos ilegais nas TI’s Xipaia e Kuruaya, e ao redor de Arara, o que de acordo com a FUNAI, coloca em risco a vida dos grupos indígenas, o que levou ao isolamento da Terra Indígena Ituna/Itatá.
Foi implementado então um Plano Emergencial que duraria 24 meses e deveria considerar ações de mitigação, antes do início efetivo desse projeto. Mas seu processo provocou a cooptação de lideranças indígenas e desestruturação social promovidos por Belo Monte, onde os indígenas passaram a exigir mercadorias de todo tipo de bem de consumo, os quais deveriam ser fornecidas pelo empreendedor. Processo que a FUNAI tentou evitar, mas não teve sucesso, e isso resultou na incapacidade de produzir alimentos de forma contínua, gerando graves consequências na saúde e na autonomia dos povos indígenas da região, que foi expressa em notável desnutrição infantil e alto índice de mortalidade indígena em Altamira, que chegou a ser quatro vezes superior à média nacional.
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Fonte: ISA |
Além dos problemas citados, há também a inundação de áreas ao redor da construção da usina, até então causando problemas apenas ambientais, mas leva-se em consideração que houve grande redução do rio Xingu entre as terras indígenas Arara da Volta Grande e Paquiçamba, onde até 80% da vazão hídrica é desviada para o reservatório de geração de energia, prejudicando parte da atividade produtora dessas terras indígenas, que também utilizam a pesca para sobrevivência.
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